Sentindo nos Pés em Salvador
Em edição especial, levamos a diretora de Resiliência da cidade para vivenciar a realidade da mobilidade a pé na capital baiana
Sentindo Salvador
O projeto Sentindo nos Pés tem como objetivo não apenas sensibilizar tomadoras e tomadores de decisão da cidade de São Paulo, mas se consolidar como uma ferramenta de advocacy empático. De forma a auxiliar organizações da sociedade civil em todo o Brasil como estratégia para pautar e conscientizar o poder público sobre as condições de caminhar nas cidades brasileiras e a transversalidade do tema.
Desta forma, aproveitando que fomos à Bahia participar do Fórum Social Mundial, realizamos a nossa primeira edição do webprograma fora de São Paulo com Adriana Campelo, Diretora de Resiliência de Salvador, uma Diretoria que está dentro da Secretaria de Cidades Sustentáveis. Para nos ajudar nessa missão inédita, convidamos a Erica Telles, ativista de mobilidade ativa e integrante do Mobicidade Salvador, para nos acompanhar e trazer o olhar da sociedade civil local.
O cargo de Adriana foi criado em outubro de 2017 e faz parte da estratégia da iniciativa 100 Cidades Resilientes, da Rockefeller Foundation, que atende a três cidades no Brasil: Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador. Seu objetivo é institucionalizar a resiliência urbana nas políticas públicas municipais. Por esse motivo, o cargo foi criado através de um lei municipal, que tem mais força que um decreto do Poder Executivo.
O trajeto
O trajeto escolhido foi em uma das vias principais de acesso ao centro de Salvador: a Sete de Setembro. Percorrendo desde a esquina a Praça da Aclamação até a praça Castro Alves.

Este trajeto tem um fluxo intenso de pessoas, e por isso também muitos vendedores ambulantes. Uma característica muito marcante ao longo de toda a via são os pequenos largos que foram transformados em espaço de comércio de rua.
Avaliando o caminhar
Ao longo do trajeto, muitos elementos históricos, como as calçadas portuguesas e a fachadas dos casarões, foram apontados como positivos pela convidada. Porém as mesmas também tinham elementos negativos como buracos nas calçadas e fiações que escondiam os edifícios.
Foi destacado pela Adriana que caminhar em Salvador é uma experiência sensorial intensa e completa, com cheiros e ruídos — como pode ser visto na live realizada no meio da gravação. Na esfera sonora, foram apontados como pontos negativos por Adriana as caixas de som de lojas, por gerar poluição sonora e incômodo a algumas pessoas que passam ou até mesmo tentam relaxar nos bancos das praças.
Por se tratar de uma avenida com muitas pessoas e comércio na rua, é impossível não haver interação social. Foi possível observar alguns elementos da identidade da cidade, como os “caminhõezinhos” de café e os vendedores de comida que disponibilizam suas próprias lixeiras como parte da estrutura de suas barraquinhas, suprindo uma falta de mobiliário público.
O futuro da cidade
Quando chamamos atenção para o espaço insuficiente para caminhar, que fazia com que várias pessoas caminhassem pelo leito carroçável e para a falta de travessias, Adriana comentou que existe um projeto para requalificar o trajeto percorrido. Ele seria similar aos projetos implementados na Barra e no Rio Vermelho — dois bairros de Salvador — e visam acalmar o tráfego na rua, com desenho de ruas compartilhadas, aumentando a área de circulação a pé.
No entanto, Érica nos apontou que Salvador está em fase de construção de seu Plano Municipal de Mobilidade Urbana e que faria sentido que este tipo de iniciativa e mudanças estivessem atreladas a um plano estratégico de melhoria de mobilidade na cidade de uma forma mais ampla.
Construir junto
Esperamos que esta oportunidade ajude a Adriana a estar sempre atenta ao caminhar nas estratégias de Resiliência, assim como sirva para estreitar as relações da sociedade civil que defende a mobilidade ativa, representada pela Érica, com o poder público. Agradecemos imensamente a participação das duas e a Salvador pelos dias bonitos de sol.
Em agosto, como parte da segunda temporada do projeto Sentindo nos Pés — que tem apoio do Como Anda, Corrida Amiga e ICS através do Fundo Casa — vamos lançar uma cartilha que explica como a sociedade civil pode realizar esse tipo de atividade na sua cidade. Além disso, o SampaPé vai promover uma oficina online para organizações e indivíduos interessados em fazer uso desta ferramenta para se aproximar e sensibilizar o poder público. Fiquem ligados!
Mais:
Veja como foi o Sentindo nos Pés com a Aline Cardoso, Secretaria de Trabalho e Empreendedorismo de São Paulo.