Cidadania avalia ruas da Saúde com o Índice Cidadão de Caminhabilidade
SampaPé! é convidado a colaborar em projeto piloto de arborização de calçadas em São Paulo
Sombra, ar puro e escutar passarinhos são coisas que melhoram a experiência do caminhar que só as árvores podem proporcionar. Porém, caminhar é uma relação muito próxima com as ruas da cidade e suas dinâmicas e é preciso olhar as várias camadas que compõe esta experiência para alcançarmos ruas, bairros e cidades mais caminháveis.
Foi pensando nisso, que o SampaPé! foi convidado a promover a aplicação do Índice Cidadão de Caminhabilidade nas ruas da Saúde que compõe o quadrilátero do Projeto-Piloto de Arborização de Calçadas.
Projeto-Piloto de Arborização de Calçadas
O Projeto-Piloto de Arborização de Calçadas (PPAC) é uma iniciativa do CADES Regional Vila Mariana, Fórum Agenda 2030 e Instituto Ecobairro Brasil e Horta Comunitária da Saúde; com a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente e a Subprefeitura da Vila Mariana e se propôs a fazer plantio em calçadas com diversas características para servir de modelo para o resto da cidade.
A iniciativa, que está agora em sua quarta fase, começou em agosto de 2017 e já plantou 28 mudas de árvores e, até o final, irá plantar cerca de 80 mudas nas ruas definidas pelo projeto.
A partir desta experiência o grupo percebeu muitos outros problemas nas calçadas da cidade e queriam poder avaliar e propor outras melhorias para além da arborização.
Índice Cidadão de Caminhabilidade na Saúde
O Índice Cidadão de Caminhabilidade (ICC) é uma metodologia desenvolvida pelo SampaPé!, que mescla outros métodos mais complexos em um formato de simples compreensão. A aplicação do ICC tem como principal objetivo empoderar a cidadania em relação aos principais conceitos e elementos que influenciam a qualidade do caminhar, tornando possível a participação ativa na construção de cidades mais caminháveis e para as pessoas.
Encontramos o grupo no dia 26 de março perto da estação de metrô Saúde, para percorrer com olhar atento algumas ruas que compõem o perímetro do projeto. Cada trecho a ser avaliado é assinalado com uma letra.
As pessoas foram divididas em 6 grupos, e cada grupo ficou responsável por observar e dar nota para uma das camadas de avaliação: calçadas, mobiliário, travessias, comunicação, fachadas e sensações.
Nesta ocasião participaram pessoas de distintas organizações e até mesmo o subprefeito da Vila Mariana esteve presente, e contou um pouco da experiência neste vídeo.
Terminamos o trajeto na Horta da Saúde, parceira do projeto, falando sobre as impressões e notas de cada grupo e acordando o encontro de análise dos resultados e propostas.
Resultados e reflexões
A partir das fotos e notas que as pessoas deram na experiência é possível entender pontos críticos no território e co-construir planos de ação para mudar.
Em todo o trajeto a camada que teve a pior nota foi das travessias, isso se deu pois faltam muitas faixas de pedestres no território, deixando a experiência de atravessar as ruas muito ruim e arriscada.
Em seguida, a camada mais criticada foi a das calçadas, muitas vezes pela ausências das mesmas e tantas outras pelos buracos, irregularidades e outros desafios no caminho.
Mas vale lembrar que o exercício também se propõe a encontrar o que é positivo, tanto para servir de inspiração como para promover o olhar apreciativo com a cidade.
Quando comparamos por trechos, o trecho que teve a pior nota foi da rua José Cuce. Uma rua local que não tem calçada e nem sombra e muitos carros estacionados.
Enquanto o lado da Uvaias onde houve já plantio teve a melhor nota. Atribuída também a dimensão das calçadas e dinâmica da rua.
Próximos passos
Após avaliar é preciso olhar para o cenário, conhecer algumas iniciativas inspiradoras e pensar em soluções. Para isso, fizemos um segundo encontro, que aconteceu em salão do prédio de uma das ruas e apresentamos iniciativas inspiradoras para aquele contexto como soluções de compartilhamento da rua e de criar espaços seguros para caminhar mesmo sem calçadas e também de travessias.
Depois de conversar e ver os resultados e ideias, dividiu-se os presentes em três grupos e cada grupo teve que definir o problema prioritário e propor uma solução para mudar a realidade encontrada.
Apareceu desde modelos de ativação e mobilização das pessoas para melhorar o espaço de caminhar de forma integral e também servindo de piloto para o resto da cidade como a sugestão pontual de mudança do local do ponto de ônibus na avenida Jabaquara, que gera uma concentração de fluxos em uma calçada que não comporta.
Os grupos perceberam que todas as mudanças precisam envolver mais pessoas e aprender mais sobre algumas dinâmicas da cidade, como quem decide por o que, quais são os critérios, entre outras dúvidas que o grupo deve dar continuidade em entender.
Os próximos passos são agora efetivamente promover as mudanças. Desde as que são demandas para órgãos municipais específicos até aquelas que a sociedade civil pode se organizar para fazer. Nós esperamos colaborar com estas ideias para a região piloto, para que outros territórios da cidade também sejam impactados pelo desejo e ações para se tornarem ambientes melhores para quem percorre as ruas a pé.